
é preciso andar o amor
com galochas amarelas.
e nesse silêncio úmido
.
chove dentro de mim
a agora sei mais um
onde nasce o mar
.
miltons me embarcam
e marujos me levam.
vou ressumar memórias
Photo by João Luccas Oliveira
é preciso andar o amor
com galochas amarelas.
e nesse silêncio úmido
.
chove dentro de mim
a agora sei mais um
onde nasce o mar
.
miltons me embarcam
e marujos me levam.
vou ressumar memórias
Photo by João Luccas Oliveira
para as nossas dores
mar
e saber que infinitos
de fato
duram pouco
já as desventuras…
são como gripes
perdem-se entre
água e sono
não pelejam como o amor
nos teus olhos
corre um rio tão fácil
de perder de vista
onde encontra o mar
no teu corpo
um remanso o tempo
onde me aposento
se quero me dar
todas as redes do mundo
todo o sertão em luar
todos os barcos que partem
no dia de Iemanjá
nos teus sonhos
eu me encontrei inteiro
eu virei passageiro
e deixei de esperar
nos teus contos
eu vi fazer a terra
onde enraízo as horas
e vou encontrar
todas as redes do mundo
todo o sertão em luar
todos os barcos que partem
no dia de Iemanjá
no dia de Iemanjá
no dis de Iemanjá
quais cores perdi
te olhava detrás da vidraça
vais? não compreendi
devo mentir; é amor que passa
há tempos demais
os ponteiros são tolas trapaças
tens quandos de mim
pouco talvez; amor sem graça?
mesmo que os dias me calem
sonho um turbilhão
mesmo teu corpo já raro em minhas mãos
amor também é solidão
mesmo que os livros te falem
fuja a uma oração
mesmo assustado teu doce coração
amor também é confusão
há flores pra mim
já te vejo a correr pela praça
vais? já compreendi
o teu amor é pressa ou nada
sei me refazer
destilar o amor em cachaça
queima meu peito em nãos
talvez o amor seja fumaça
mesmo que os dias me calem
sonho um turbilhão… Continue lendo "amor-fumaça"
nem pensava ser revirado
nem perder a certeza
nem previa este escampado
nem mais nova princesa
que me veio num fim de dia
luz, azuis, pés na areia
de roubar fôlegos e vistas
me enredar suas teias
serena, verbena
que me desejou
em asas, sem casa
inteiro no amor
mas o tempo moço severo
ilusões não daria
e das frestas faria nadas
a soprar seus não queros
e vencidos pelos compassos
que juramos perdidos
são os muros que fazem regras
águas são só jazidos
serena, verbena
que me imaginou
em asas, sem casa
perdido do amor
quanto mais te calas
grassa um calo seco.
e ata a tua garganta
quanto mais espaça
mais denso o lastro.
calcária espera de janela
quanto mais te partes
mais descreves arcos.
estreita cabotagem de si
pois se não te podes ir do amor
e jeito não há ao todo querer
peças por júri, mora, apelação
se já não há nada que é certo
já não é nada que saibas.
que te faças onde te perdes
e nisto de ancorar, defeso,
no tempo rabisque barcos
longas redes lançadas a
recolher quintais
de vascos, cabrais, fernãos: nada
nem cabos, naus ou terra nova.
nem amor que vá onde não há
só um compasso de parcos metros
só o impossível desfazer amarras
só o balanço das águas
no baixo do cais
e vertigem de amor
à beira mar
há papéis sobre a mesa
que eu mesmo escrevi:
tantos planos de curso
gente que desenhei
as perguntas pra tudo
País que atravessei
numa viva matriz…
pincéis
sublinhei em laranja
a palavra amor:
nas letras de itamar
livros de mia e rosa
nas meninas do Vale
que eu mesmo escutei
telas de beira-mar…
azuis
há quarenta e seis dias
faço a casa em sol
linhas tênues borram
sonhos que desenhei
e me faço mais cinza
me começo outra vez
é preciso remar
te chamei
para provar as noites
ser menino ao tempo
vamos brincar lá fora
mergulhar no sereno
e viver só de tons
amor jobim
é dormir nos teus braços
para perder as festas
é quando queres muito
e é quando não pensas
quando vai quando quanda
lua em vermelho e
os dias em Calcutá
de esquinas e nãos
volto a beber areia
torna a teia em tez
o nada não tem fim
o tempo come tudo
água se faz em sais
o verde em ilusões
faíscas à beira mar
de fronteiras azuis
e pás de reversões
faz frio e há fumaça
e a nau deve zarpar
fazer o corpo em nós
se quero o teu lugar
de Djavan bebi o a
de Caetano o seu cê
Julinho nem cantou
vai roto um manual
caducas as sessões
e o tempo explodiu
vento veio por fins
longe se pois perto
e o cais se encostou
o medo é que o amor
tão e tanto ancorado
queira partir de mim
faz frio e há fumaça
e a nau deve zarpar
fazer o corpo em nós
se quero o teu lugar
não me caiu
maçã na cabeça
mas conheci a
Gravidade do amor
aos trinta e oito anos
tornou-se lei
mudei o preciso
de um seno
por um
manente senão
e curvei o
ângulo de enxergar
mudou o cálculo
para o que
era um
fazer-se
linha e borrão
amor + amor
e um pai
se fazer dois
antes e depois
de ti
as verdades
pedaço e
clarão
deram
linha de fuga
a um antes
em plasma
e reinventei
tempos
cantigas
cirandas
o ponto
virou vértice
e de quadrado
me vi raiz
um tanto
mais funda
um pouco mais
pai-ciência
pai-lhaço
pai-xão
paí-ó
pá
pra
te pegar no colo
ser teu guardião
tua afirmação
diversão
conta
e dilatar o tempo
esperando
operando
silenciando
até me tornar
só fórmula
uma lembrança
de mim
tu = [eux + só(teu)] / mundo
e te deixar um x
pra dele se fazer 0
e eu apenas 1
mais um
dos teus
lhe escreveria
palavras azuis
seria apenas para
lhe atiçar sorrisos
e dobraria o tempo
em camadas finas
para me mover
do antes ao agora
de hoje a ontem
sem obstáculos
e seria um satélite
minúsculo flutuante
a orbitar nossa cama
fotografando teu mundo
as cores dos seus sapatos
as marcas do teu rosto
teus olhos apertados
e os teus cabelos brancos
até me perder no tempo
mergulhar em outras dobras
e sempre poder voltar
em todas as direções
lá e aqui, lá e aqui, lá e aqui
para não existir saudade