meta-poesia

o que te ofereço
é leitura
linguagem em produção

nada aqui se faz
feito ícone
demarcação

o texto possível
é o texto em sombra
sabido do seu tamanho

escrever é também
produzir pegadas
tatuar a pele do livro
a sua retina

estrondo contido
em cada recorte íntimo
nossa singularidade
arremessada a cada
linha experimento

penso em auto-convite
auto-provocação
autorização ao risco
embate e contraposição

a imagem do mundo reificado
destruir pela subjetivação
autorizo-me
autorizo contraposições

fundar imagens
auto-imagens em
toda posição, e

tratar a palavra
feito lobisomem
meio-do-caminho
a poesia descentrada

desconcentrada

linha em fuga
homens e lobos
conflito e
confrontação

meta-poesia 4

Porque
nada
é separado.

então?

deveriaeufazerpoesiaaglutinantemandarinjogarossímbolospelosaresfeitotextotorrencialprodutordeerosõesnoqueécompartimentorepartiçãodatolicedosfatosedasopiniõessenadasealcançaaospedaçosreduçõesecadaconstruçãoéconcretoevazioharmonianyermaieriananapoesiadascurvasdoscôncavosconvexosedasinversõesquecontenhodomundodassuascontençõesdomundosemfim

meta-poesia

o vermelho
habita
a poética
parida
em mim

olhos
crepúsculos
estrelas
bandeiras
flores e
sangue

é do que
me farto

pratos-feitos
diários
minha rubra
- desejosa
do incendiário -
produção

a respeito
do cotidiano
mastigado
é que escrevo

como se
minha paixão
fosse o
relógio de ponto
o café no balcão
lotação, pressa
fila
feijão

sobre tudo
o que me
serve de
invenção
incorporo
mastigo
mastigo
quando termino
e devolvo.

a lápis
da minha mão
secreção poética

tudo o que penso
tomo emprestado
licencio
furto concepções,
isso.

assim deveria estar:
eu,
credor do que
ao meu redor
existe