outro ano

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na sala nina ergue um castelo
toco em toco esculpindo o seu
enquanto eu corro um dia que
pudesse terminar congelado

de juliana eu ganhei nova edição
do poeta vinicius de moraes
que leio enquanto o pai arranha o violão,
Para viver um grande amor

eu procurava o que escrever
porque havia algo que precisava
falar no topo dos meus anos
mas em contracapas o poeta falara.

Para me calar em Vinicius,
e ser um silêncio da sua voz.

– e com licença e gentileza aos nossos:

“Poética II”

“Com as lágrimas do tempo
e a cal do meu dia
eu fiz o cimento
da minha poesia

E na perspectiva
da vida futura
ergui em carne viva
sua arquitetura

não sei bem se é casa
se é torre ou se é templo
(um templo sem deus…)

mas é grande e clara
pertence ao seu tempo:
– entrai, irmãos meus!”

Vinicius de Moraes

entrai, irmãos meus,
entrai

bem depois

cada segundo é uma curva
eu como chicletes às metades
como meu pai

há fotografias nas quais
se usa uma pele jovem
e lá, faça frio ou calor
faz outra memória
não há buracos-lentes
por onde o hoje enxergar

mas ali estão as curvas
o arco-tempo que não
sai de si, os ecos, os olhos
tudo desabotoado do que
se pretendia fardar destino

como nós
atados e frouxos
laço de duas medidas
plano a parir direções.

é curioso passar os anos
ver que disso, nada se sabia
e o que se entonava em ser
era só um rabisco firme, pronto
de amarrar a qualquer um pau