quanto mais te calas
grassa um calo seco.
e ata a tua garganta
quanto mais espaça
mais denso o lastro.
calcária espera de janela
quanto mais te partes
mais descreves arcos.
estreita cabotagem de si
pois se não te podes ir do amor
e jeito não há ao todo querer
peças por júri, mora, apelação
se já não há nada que é certo
já não é nada que saibas.
que te faças onde te perdes
e nisto de ancorar, defeso,
no tempo rabisque barcos
longas redes lançadas a
recolher quintais
de vascos, cabrais, fernãos: nada
nem cabos, naus ou terra nova.
nem amor que vá onde não há
só um compasso de parcos metros
só o impossível desfazer amarras
só o balanço das águas
no baixo do cais
e vertigem de amor
à beira mar