o sertão vai dentro

diz-se, do sertão
que ele é
dentro da gente

naquelas áridas
paisagens
nas paragens
e lusco-fusco
dos saberes
no vazio
das certezas

resiste.
é chama
do fogo
das escolhas
da gente

quanto podemos aí,
capoeira
de tão pouco
enxergar?

ninguém sabe

não sabia diadorim
não sabia riobaldo
não sabia o coisa-ruim

deus? talvez menos
pobre diabo – blasfemo

pra mim
tudo parece
prosa de quando

se garra chover destinos
– nítidos –
quanda a hora precisa,
desenhada
pros passos novos

aqui!
mas se a chuva
vem do céu
caberia só espera
então?
esperança?

haveria em nós
um tempo de
ave de mau-agouro?
espreita
tocaia
fé no presságio?

vai tombada
à terra
a garrafa dos
nossos demônios?
necessários

na sombra
do capim-açu
d’onde dei pra
viver escondido
pensativo
amargoso,
penso que não

talvez seja a chuva
um desabrochar
da alma
vem de dentro:
fonte permanente
ali onde
se banham
verdades claras

sei não seu moços.
faço aqui
notas breves
contas de caderneta
silêncios
jeito de ajudar
a engolir os dias

e penso que perdi

perdi por aí
um resto
de ingenuidade
que ‘inda carregava

não sei pois
se é triste
o enfadonho, sabe?

penso, mas
não sei se existo
isto é certeza
pra ingleses,
os tais senhores

só não tenho força
pra atirar peneiras,
tampouco
tecer poemas
a moças-vaidosas

e são tantas, tão perto.

fica então
com este escorrido
de versos

vou te desejando
ingenuidades
desimportâncias
ilusões

daí a leitura.

este livro é parte
do presente.
mas também
ontem e amanhã:
Guimarães.
sertão
e fé.

a outra
sigo sendo eu.
e tudo que
não vejo ser

é…
verdade danada.
o sertão, seus moços
vai dentro da gente

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