madre-angústia: vai-te

velha senhora
conquistado pátio
vapor-de-lágrima
lástima muralha

tuas veias secas
ilhas-de-solidão
fome solar
mastigado homem
vale teu dia
um troço de pão

teu pedaço de
gente é pedra
areia o teu útero
laqueado ao tempo
tu, que aprendes?
nada?
navalhas nas mãos
na amarra
alguma tentação?

velha rolha
ressecada
a tua vida
vinagre vencido
e tuas tripas
ratos-de-tróia
a rasgarem-te
devoram-te
enquanto
devora-me
velha senhora
sentido velho
cloaca

vai-te de mim
feito um
carnaval de insônia
que prepara
rasga apogeu
resiste, mas
engasga
encolhe, morre
em cinza mijada

vai-te velha
bruxa cansada
agora não.
agora eu quero
corro, durmo
falo, disparo
devoro o tempo.
devoto
das noites
valencianas

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